Ameaçador! uivante!
Apoio meu queixo na mão esquerda, semi-fechada
Perco-me nas idéias de minha cabeça
Até que um barulho incessante
Desorganiza todas idéias
Idéias [antes]
já desorganizadas
em mim.
Paro
Presto atenção
Nada mais é que o relógio de pulso
Nada mais que o ponteiro dos segundos em movimento
Nada mais que isso.
Nada mais?!
Meus olhos lacremejam, porque
senti.
Senti pelos segundos que foram
Senti pelos entes queridos falecidos
Senti a dor do próximo segundo
do próximo minuto.
A dor da pró-xi-ma
h-o-r-a.
Aumentou a dor da sua ausência
E digo mais, doeu quando percebi que o barulho não era dos seus passos
Percebo agora que caminho só...
Rezando por você, porque EU já não existo.
Como viverei sem seus passos
seus pêlos, cheiro, pele...
Pele macia
Cabelo cheiroso
Olhos vibrantes
Mãos quentes que afagam minha alma
Como posso viver só comigo?
se em mim você existe
Mas eu não existo em você.
E cada vez, mais, tenho certeza.
Certeza que a cada hora
minuto
segundo
que eu ouvir o baralho do ponteiro...
Cultivo a esperança da sua volta.
Porque o tempo passa
Como foi este, o teu pedido...
Estou à espera do tempo em que
O sol há de brilhar
Teu cabelo hei de acariciar
e sua salíva, saborear.
Peço! Rezo! Suplico!
Que o tempo chegue logo!
E na hora do penar,
paro o relógio.
Não quero ouvir o som dos ponteiros
Quero ouvir sua voz, seus passos...
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