quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Doutor, venho passando mau
 faz um tempo.
Acho que é coisa da Lua.

Sim, da Lua.
Desde quando a vi iluminando o mar negro de Copacabana.
Depois ela entrou no meu quarto iluminando todo o quadrado erguido de barro, areia e pedra
[estes já não mais estavam em seu estado natural]
                                                                                num dia qualquer]
NÃO LEMBRO!

E no último domingo ela, ousou.
iluminou as mais lindas praias que passei
Ipanema
Copacabana
Leme
Botafogo
Flamengo.

Doutor, desde então venho adoecendo
Definhando, talvez seja mais coerente...

De primeiro era somente acefáleia
Segundo foi o coração, que palpitava demasiado acelarado
demasiado lento
E hoje, Senhor Doutor
vale-me Deus!!!
Pensei ser algo realmente grave quando não consegui sentir minhas pernas.

Calma! Calma, Doutor!
Não quero remédio.
Não! Não tenho que fazer exames!
Não! Não tenho que tomar remédios!

Tenho possíveis respostas e quero o seu parecer.
Penso que quando comecei enxergar a lua, tenha sido uma obliteração
a causa disto.
Já as palpitações cardiácas, associo ao que chamam de sopro no coração
Mas Senhor Doutor, o que realmente me incomoda
é a ausência de sentidos nos membros inferiores que vem acontecendo.

Sinto que posso ir adiante, mas posso cair.
Ao mesmo tempo sinto que prefiro ficar ali, imóvel, não tenho, mesmo uma vontade ir avante.
]Já outras vezes penso em parar e não sair dali até que algo [REALMENTE] me motiva sair do lugar.
É algo como saber que devo ir... seguir o caminho, mas me falta ferramentas pra isso.

Senhor Doutor, as pernas me faltam em horários alternados,
Ancefaleia já faz parte de mim, consigo conviver com essa impertinência
E o coração não me incomoda, percebo que ele bate e isso me basta.
O que realmente me preocupa é quando o coração bate descompassadamente
enquanto meus lábios ressecam, minha boca seca, minhas mãos suam, as pernas me falham e ancefaleia manisfesta-se de forma aguda deixando meus pensamentos embaralhados e a língua enrolada.

Doutor, Doutor!
Vale-me Deus, todo poderoso!
Feitiço da Lua.
Feitiço de Lua!
Culpa da Lua!
Maldita Lua!

Que repudiado seja o luar, esta coisa que enfeitiça e acaba com o feitiço.
Coisa esta que clareia o escuro
Espelha o intagível
[e como fosse pouco
ainda é ubíquo.

Senhor Doutor, já viste outra pessoa com essa doença da Lua?





sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Perdurado pelo pêndulo

Ameaçador! uivante!
Apoio meu queixo na mão esquerda, semi-fechada
Perco-me nas idéias de minha cabeça
Até que um barulho incessante
Desorganiza todas idéias
Idéias [antes]
já desorganizadas
                         em mim.

Paro


Presto atenção



Nada mais é que o relógio de pulso
Nada mais que o ponteiro dos segundos em movimento
Nada mais que isso.

Nada mais?!

Meus olhos lacremejam, porque
                                           senti.
Senti pelos segundos que foram
Senti pelos entes queridos falecidos
Senti a dor do próximo segundo
do próximo minuto.
A dor da pró-xi-ma
h-o-r-a.

Aumentou a dor da sua ausência

E digo mais, doeu quando percebi que o barulho não era dos seus passos
Percebo agora que caminho só...
Rezando por você, porque EU já não existo.

Como viverei sem seus passos
seus pêlos, cheiro, pele...
Pele macia
Cabelo cheiroso
Olhos vibrantes
Mãos quentes que afagam minha alma

Como posso viver só comigo?
se em mim você existe
Mas eu não existo em você.

E cada vez, mais, tenho certeza.
Certeza que a cada hora
minuto
segundo
que eu ouvir o baralho do ponteiro...


Cultivo a esperança da sua volta.
Porque o tempo passa
Como foi este, o teu pedido...

Estou à espera do tempo em que
O sol há de brilhar
Teu cabelo hei de acariciar
e sua salíva, saborear.

Peço! Rezo! Suplico!
Que o tempo chegue logo!

E na hora do penar,
paro o relógio.
Não quero ouvir o som dos ponteiros
Quero ouvir sua voz, seus passos...

terça-feira, 28 de agosto de 2012

literatura sentimental

versos pequenos de nada servem
nada
nada

o que há dentro de mim
não caberá num verso
numa prosa
numa crônica
num livro, ainda que mau escrito

Todos os escritores mentem
não há como escrever tudo
tudo o que de verdade pensa

Bem, ao menos, para mim
de nada serve a literatura.
de nada serve escrever, ler.

Tudo o que sinto não se enquandra
em nenhuma literatura já existente.
E quem sou eu para inventar algo?
Sou pequeno.
Não sei escrever.
Não sei falar.
Não sei ouvir.
Não sei dizer o que de verdade sinto.

Talvez por isso não exista uma só literatura
estilo literário.
Eu sou eu mesmo, não sirvo para fórmulas prontas
Sou grande
Sei falar
Sei ouvir
Sei dizer o que de verdade sinto.

versos pequenos
pra mim não serve
nos versos pequenos
pra mim não cabe o que sinto.

sábado, 18 de agosto de 2012

União

Corpo com corpo
Corpos com alma
Corpos transbordando desejo
Corpos que laçados e entrelaçados
unem-se
se perdem
reencontram-se.
[tornam-se]
Corpo! Corpos!
Em segundos.

[NÃO]
Não é só UM espiríto
É corpo
É vida
É complemento.

Corpos atraídos que entrelacam suas mãos,
umas com as outras
Dedos percorrendo uma mão,
[enquanto a outra sua frio]
Polegar arrastando-se, muito lentamente
n'outra mão.
Movimentos perdurados pela vontade, APENAS vontade.

Mãos sob a cabeça
com lentos movimentos
dedos percorrem os cabelos
[os dedos brincam de fazer cachos]
mas inquietos, como são
acabam dedilhando sua fronte morena
fronte negra
Demasiada beleza sendo tocada por dedos
[por mão]
pela minha mão.

Tua beleza
Tua essência
É mesmo corpo.
É mesmo homem.
És mesmo tu.
Sãos os corpos entrelaçados que faz de mim, sentimento.
É sentimento que faz meu corpo,
minha mão
tua mão
encontrar-se.

Corpos transbordando desejo
Corpos que laçados e entrelaçados
unem-se
se perdem
reencontram-se.
[tornam-se]
Corpo! Corpos!
Em segundos.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Vontade de falar te amo,
ainda prevendo o silêncio
e torcendo pro fim otimista.

O silêncio é composto de muita coisa
ou coisa nenhuma.

Mas meu silêncio oratório não convém
com meu cognitivo,
territorializado por você.

Anseio sua companhia ao deitar,
mais uma vez,
com doses cavalares
em bis.


sábado, 16 de junho de 2012

Previ sem consentir
Enlouqueco fazendo a cena do velório
[adiado]
em tempo.
Me sinto viúva.

Paro,
penso,
concluo: "Não é que esse tal sexto sentido existe?"
Meu peito mas parece um mar seco em desalinho
Idéias assemelham-se a um caldeirão macabro, com alguma sopa preparada por uma bruxa da Disney.

PAVOROSO

ASSOMBROSO

DIABÓLICO

Desejo um calíce de vitalidade.
Brindaremos juntos.

Uma canção para embalar você
Onde num tranquilo sono, descansas seu peito.
Aqueca-me
Deixa eu te aquecer

Receio ver teus olhos inexpressivos
Suas mãos geladas
e teus lábios...
(Ah, teus lábios!)
roxos, ressecados.

Teu grito, me doí até n'alma

A dor, passará
O descanso, chegará na companhia da tranquilidade.

Agora te vejo!
Te vejo!
Te vejo como um bebê
assutado
fragilizado.

Ouço um pedido de socorro.
Sinto medo.
Pois só tenho uma coisa pra te oferecer, tudo de mim.

Mas,
Receio ver teus olhos inexpressivos
Suas mãos geladas
e teus lábios...
(Ah, teus lábios!)
roxos, ressecados.

Um pedido meu
Sua mão na minha,
mesmo em óbito.

Então,
Brindaremos juntos.

BENEVOLÊNCIA

domingo, 1 de abril de 2012

Já tem mais de um ano e nada mudou!

"Desejo ouvir a tua voz recordando como agente era feliz."
Vamos ao parque ouvir Caetano?

acho que só você, ainda não percebeu... oq todo mundo já percebeu!

domingo, 11 de março de 2012

depois de uma enorme aflição...

tive vontade de ligar só pra ouvir a sua voz e saber se está tudo bem.
também pensei em mandar uma mensagem falando da minha saudade de você, dos seus beijos....mas, fui forte, resisti, bravamente!
até quando vou ficar sendo "forte" pra fazer de conta que nada acontece e que tudo é muito "natural"?!
fazer de conta que não sei de nada, também se eu não pergunto....

bom, eu só espero que meu sexto sentido não esteja certo.
na verdade, se ele estiver certo...vou perder o chão por alguns minutos, ou a ficha não caia tão rápido...mas dizem, os amigos, que será melhor assim...
seja o que for, como for... não sei o que fazer.
e a novela continua assim...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sebastião, homem bom

"Acho que cansei desse mundão.
Sebastião, homem bom, te quero de montão.

O luar da boêmia é mais iluminado quando cê tá junto.
Vamos parar com indas e vindas.

Senta aqui homem bom.
Quero mostrar pro' cê que nóis dois juntos, valemos de montão.

Te ofereço o meu amor e cê me traz aquele cheiro bom.
Cheiro de capim limão, que me faz arrepiar por inteira...

Homem de Deus, deixa de ser bobo.
Se cê fica c'um eu, cê vai vê o que é ser feliz.

Pense bem...
Beijo bem.
e até cozinho bem, também.
É só cê ficar aqui, ó....
Do meu ladinho.

Quero ocê, Sebastião.
Larga esse mundão e vem fica c'um eu.
Eu lhe dou a palavra que serei todo sua, homem do céu.

Te garanto que do meu lado cê vai se bem cuidado.
Amor, atenção, carinho... isso não vai falta, Sebastião.

Ô Sebastião, pensa como será bom!
Para de cena, larga esse mundão.

Ô Sebastião, tá difícil entender que eu vou pr'onde cê for....
Ô Sebastião, amo tanto ocê que chega dá uma dor no peito.
Homem do céu...

ACORDA!

Ô, SEBASTIÃO"

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

"[...]e vamos virar aquela página...
Sim, aquela!
Esta!
Essa!
Vamos! Me dê força pra virar
mais uma vez!
O fardo é pesado,
mas não mais que essa página
[ mal escrita."

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Está passando..

Ainda doí, no fundo de minha alma
mas a minha alma, já se acostumou.
Então posso dizer que praticamente nada sinto.
Sinto só saudades e desejo de estar com você.
Mas é só isso!
Acredite!
Estou superando!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Leminski

Invernáculo
(3)

[...] Já disse de nós.
Já disse de mim.
Já disse do mundo.
Já disse agora,
eu que já disse nunca.
Todo mundo sabe,
eu já disse muito.

  Tenho a impressão
que já disse tudo.
  E tudo foi tão de repente.

desastre de uma ideía
só o durante dura
aquilo que o dia adia

estranhas formas assume a vida
quando eu como tudo que me convida
e coisa alguma me sacia

formas estranhas assume a fome
quando o dia é desordem
e o meu sonho dorme

fome da china fome da índia
fome que ainda não tomou cor
essa fúria que quer
seja lá o que flor